A nossa coluna vertebral é dividida em quatro componentes estruturais: coluna cervical, coluna torácica, coluna lombar e coluna sacral. Juntos, eles são responsáveis pelo equilíbrio do nosso corpo em pé, por meio das suas curvaturas específicas: a lordose da coluna cervical, a cifose da coluna torácica, lordose da coluna lombar e cifose da coluna sacral.
Essas curvaturas, juntamente com os músculos, ligamentos, discos vertebrais, medula e nervos, são responsáveis pela manutenção da estabilização e movimentação da nossa coluna.
Dessa forma, a lombar, mais precisamente a pelve, é o eixo principal do nosso corpo, responsável pela estabilidade da coluna ereta. Fraturas e lesões na coluna lombar podem causar dores e até mesmo paralisia das pernas.
Após uma lesão na coluna, a medula, que é um feixe de nervos que passa por dentro da coluna, pode ter os movimentos das partes do corpo abaixo desse ponto. Assim, uma fratura na coluna cervical (pescoço) pode causar paralisia total do corpo, enquanto que uma fratura na coluna lombar (fundo das costas) ou torácica pode causar paralisia nas pernas.
Normalmente, as complicações de fratura na coluna surgem imediatamente após o acidente, durante o transporte para o hospital ou nas primeiras horas após o início do tratamento.
Fratura da coluna lombar
Dizemos que o paciente sofreu uma fratura da coluna lombar, quando há um trauma nas vértebras: L1, L2, L3 ou L4. Dados sobre internações hospitalares do SUS (Sistema Único de Saúde) do ano de 2000 a 2005 revelam que em 40% dos casos, o trauma de coluna foi causado por quedas. Na sequência aparecem os acidentes de trânsito (23%), seguido de outros acidentes (20%) e, por fim, as tentativas de homicídios (6%).
Os tipos mais comuns de fraturas que afetam a região lombar são as fraturas por compressão, que normalmente resultam de uma queda. Elas podem ser diagnosticadas através de uma radiografia.
Na maioria das fraturas por compressão, repouso, fisioterapia, uso de coletes e cuidados médicos conservadores são eficazes. No entanto, existe uma pequena probabilidade de a fratura de compressão ser causada por uma condição médica secundária, como osteoporose ou malignidade.
No caso da osteoporose, as fraturas por compressão se desenvolvem frequentemente quando a densidade óssea diminui devido à osteoporose. As vértebras são especialmente suscetíveis aos efeitos da osteoporose.
As fraturas por compressão (que às vezes causam dor repentina e intensa nas costas) podem vir acompanhadas da compressão das raízes nervosas espinhais (que podem causar dor crônica nas costas).
Outro tipo de fratura comum é a fratura explosão, que decorre de compressão violenta, resultando em falha das vértebras. Neste caso, a altura vertebral é significativamente diminuída. Esta ruptura pode ser instável e necessitar estabilização imediata.
O diagnóstico da lesão deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar que realizará o exame físico completo para verificar a gravidade do trauma, por meio de testes neurológicos e motores. Para complementar o diagnóstico podem ser solicitados exames de raio x, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Tratamento da fratura da coluna lombar
O tratamento da fratura de coluna lombar vai depender do tipo de lesão e da estabilidade. Para as lesões mais simples, o uso de medicação analgésica e anti-inflamatória associada ao repouso são medidas suficientes para a melhora do paciente. Já as fraturas ou lesões ligamentares devem ser avaliadas quanto à preservação ou não da estabilidade.
Lesões estáveis podem ser tratadas com o uso de colete de Jewet, colar cervical ou gesso, usado em casos de fratura da coluna sem lesões na medula espinhal. Normalmente, este tipo de tratamento conservador é mantido por 8 a 12 semanas, até que as vértebras cicatrizem.
A lesão de determinadas estruturas pode gerar uma situação de instabilidade que consiste um critério de gravidade e necessita de tratamento cirúrgico adequado para readquirir essa propriedade. Quando o trauma resulta em uma alteração neurológica, estamos diante de uma situação muito grave. Normalmente, o tratamento envolve a descompressão dos nervos e estabilização cirúrgica da coluna.
A avaliação médica minuciosa de cada caso é muito importante antes da indicação da cirurgia, com análise detalhada do histórico do paciente, de suas dores e tratamentos já realizados.
Durante a recuperação, deve-se ficar de repouso relativo durante a primeira semana e iniciar lentamente as atividades diárias mais leves, como caminhar e sentar, evitando exercícios pesados, como correr, nadar ou levantar pesos, respeitando todas as indicações do médico.
Ainda durante o período de recuperação é importante ainda fazer uma alimentação equilibrada, para não engordar, e também rica em cálcio e vitamina D, para ajudar a fortalecer os ossos, especialmente no caso de idosos com fratura na coluna devido a osteoporose.
Quando o tratamento não é feito de forma adequada, mesmo em lesões leves, pode acontecer agravamento da fratura e, nesses casos, pode até haver risco de paralisia, mesmo que inicialmente a medula não tenha sido afetada.
Cuidados e prevenção
No caso de presenciar algum tipo de acidente que possa ter lesionado a coluna, a recomendação é que não se tente movimentar a vítima, pois qualquer movimentação pode piorar o quadro clínico. A recomendação é que se solicite o socorro de bombeiros e paramédicos que tem treinamento para esse tipo de situação.
Entre as medidas preventivas estão as campanhas para uso do cinto de segurança no trânsito, o uso adequado de equipamentos de segurança e de proteção para os trabalhadores da construção civil e a atenção dos idosos com degraus, escadas, e, até mesmo, tapetes e pano de chão.
Cuidados com a postura e a prática de exercícios físicos regulares também são sempre benéficas à saúde da coluna vertebral. Exercícios específicos para fortalecer e alongar os músculos do abdômen, nádegas e costas (músculos centrais) podem ajudar a estabilizar a coluna vertebral e diminuir o estresse nos discos que protegem a coluna vertebral e os ligamentos que a mantêm no lugar.
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