A coluna cervical é uma das partes mais sensíveis do corpo humano. Localizada no pescoço, entre a parte inferior do crânio e superior do tronco, ela é formada por sete ossos sobrepostos, chamados de vértebras.
No interior da coluna cervical encontramos o canal vertebral por onde passa a medula espinhal, responsável por comandar todos os nossos movimentos e sensações. Nesta região ela emite oito raízes nervosas que se ramificam para a cabeça, pescoço, membros superiores, ombro e parte do anterossuperior do tórax.
Os nervos que saem do cérebro e controlam nossas pernas e braços, o movimento do abdômen e o funcionamento dos demais órgãos do corpo humano também fazem parte desse feixe nervoso que pode sofrer lesões provocadas por traumatismos.
Dessa forma, as lesões traumáticas da coluna cervical podem ocasionar diversos problemas neurológicos, sendo considerada uma das lesões mais perigosas, podendo levar o indivíduo a ficar paralítico.
Lesões na coluna cervical
Uma vértebra pode sofrer diversos tipos de lesões traumáticas. O mais comum é sua fratura, com ou sem esmagamento, mas o pior é a transfixação da medula cervical pela vértebra luxada (deslocada). Esta luxação (deslocamento horizontal da vértebra), por sua vez, pode ser total ou parcial.
As consequências das lesões estão relacionadas com a altura em que ocorreu a lesão. Se, por exemplo, ela estiver situada abaixo da sexta vértebra cervical, o paciente preserva algum movimento nos braços, porque os nervos responsáveis por esse tipo de mobilidade já saíram do canal e não foram afetados. Mas pode perder o movimento das pernas, fica paraplégico, o que também acontece se o trauma afetar a coluna torácica e o começo da coluna lombar.
Lesões na coluna cervical um pouco acima da sexta vértebra deixam o indivíduo tetraplégico e acima de C4 interrompem o controle da respiração e ele para de respirar instantaneamente. Lesão grave acima da vértebra C4 provoca morte instantânea, embora não exista nenhum ferimento aparente.
Sintomas e diagnóstico da fratura de coluna cervical
As principais causas das fraturas na coluna cervical estão relacionadas a quedas e acidentes. Entre elas estão: traumas decorrentes de alta energia, traumas causados por atividades físicas, quedas, acidentes automobilísticos e mergulhos em águas rasas.
Em caso de acidentes, cabeça, pescoço, tórax, abdome e pelve devem ser imobilizados em bloco. Os pacientes com indicação de cuidados especiais devem ter a coluna imobilizada, quer se encontrem de pé, sentados ou deitados no momento do socorro. A posição mais estável para o transporte é o decúbito dorsal, que permite fácil acesso a todos os segmentos corporais.
A dor é o principal sintoma na presença de um osso da coluna cervical quebrada. O paciente que sofre com a lesão apresenta dor cervical, dor à palpação, perda parcial ou total dos movimentos e edema local. Sintomas neurológicos como a perda de força parcial ou total dos músculos aparecem se os nervos correspondentes estiverem comprometidos com a fratura.
Quando se trata de acidentes em que o paciente perde um pouco da consciência, a obtenção de dados acerca do ocorrido é difícil, por isso, uma avaliação do paciente por uma equipe multidisciplinar é fundamental. Dessa forma, lesões que colocam a vida do paciente em risco devem ser prontamente tratadas.
Já no paciente que se encontra consciente, a tarefa de obter informações sobre o trauma é mais fácil. Informações sobre quedas, colisões automotivas, ferimentos por armas de fogo e tantas quanto forem obtidas auxiliam o médico a quantificar a gravidade das lesões.
Dor cervical, edema local ou desalinhamento dos processos espinhosos a palpação, são dados importantes e devem ser pesquisados. Desvios rotacionais e edemas cervicais anteriores também podem representar lesões graves da coluna cervical.
Além disso, escoriações e equimoses na face podem ser o resultado de um impacto direto sobre esse local com possíveis repercussões na coluna.
Além da conversa com o paciente, quando possível, o diagnóstico da lesão deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar que realizará o exame físico completo para verificar a gravidade do trauma, por meio de testes neurológicos e motores.
Para complementar o diagnóstico podem ser solicitados exames de raio-x, tomografia computadorizada e ressonância magnética.
Tratamentos para fratura de coluna cervical
O tratamento da fratura de coluna cervical vai depender do tipo de lesão e da estabilidade. Lesões menos graves e mais estáveis, podem ser tratadas com métodos conservadores, como o uso de tração e de órtese semirrígida, ou imobilização com halo-gesso ou halo-colete por 3 a 4 meses.
Uma vantagem do tratamento conservador é a preservação de algumas articulações e, consequentemente, a manutenção de alguns movimentos normais.
Se a fratura é grave ou se há presença de instabilidade da coluna vertebral e, principalmente, presença de déficit neurológico, geralmente algum tipo de cirurgia é necessária para restaurar o alinhamento, estabilização da coluna, e restaurar a função da coluna. O tipo de cirurgia dependerá da natureza e da gravidade da lesão.
A avaliação médica minuciosa de cada caso é muito importante antes da indicação da cirurgia, com análise detalhada do histórico do paciente, de suas dores e tratamentos já realizados.
Em todos os casos, é recomendado imobilizar a coluna cervical no momento da fratura. Além disso, após a avaliação, o médico poderá indicar tratamento fisioterápico, uso de órteses cervicais e repouso.
Como evitar as fraturas na coluna
Como a maioria dos casos de fratura na coluna vertical acontecem devido à acidentes, a melhor forma de prevenir os traumas é evitando suas causas. Em caso de acidentes de carro, é importante utilizar cinto de segurança de três pontos, encosto alto para a cabeça, utilizar airbags e, principalmente, respeitar as leis de trânsito, como limite de velocidade e a não ingestão de bebidas alcoólicas.
Para quem mergulha, é importante sempre checar a profundidade do local. Em relação aos idosos, deve-se evitar tapetes, utilizar calçados seguros e iluminação para a necessidade de se levantar à noite, além de evitar móveis baixos com quina que, em caso de queda, favorecem a lesões.
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